sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A SOCIEDADE DO FUTURO: A TRANSIÇÃO JÁ COMEÇOU


Ao transpormos o século XX e já a terminar a primeira década do século XXI, apercebemo-nos de que os quinhentos anos de «cultura ocidental» estão também a terminar.

Está a terminar uma «Era», período de tempo que corresponde aproximadamente a quinhentos anos.

Neste longo período que começa sensivelmente por volta do ano de 1500, com as primeiras contestações das crenças religiosas e termina nos nossos dias com o pós modernismo e a sua contestação aos valores sociais tradicionais, a cultura ocidental, embora mantendo alguma unidade, o seu traço comum tem sido, de facto, a decadência.

Decadência no sentido de desvio, bastante acentuado, especialmente nos últimos cem anos, do ponto de equilíbrio que pode permitir a vida do Homem no Planeta, das relações sociais entre as pessoas e da sobrevivência das sociedades humanas no seu conjunto.

Como pano de fundo desta evolução, o teatro das quatro grandes revoluções: a religiosa, a monárquica, a liberal e a social, separadas sensivelmente por intervalos de cento e vinte cinco anos.

De facto, a chamada Era Moderna, começa em princípio do século XVI com uma Revolução.
Conhecida como Reforma Protestante, esta revolução contesta o poder da Igreja e algumas crenças religiosas e tenta efectuar a transferência violenta do poder e da propriedade, em nome de uma ideia: o Protestantismo, cujo principal protagonista foi Lutero.

A Revolução Monárquica do século XVII, baseia-se na imposição de uma dupla ideia: a de Monarca em oposição a Rei e a de Nação em oposição a Reino. É a época da unificação dos reinos e a formação das nações-estado, sob a autoridade de um monarca incontestado, o rei dos reis. Durou cerca de duzentos anos.

A Revolução Liberal e Individualista, que cobre os séculos XVIII e XIX, começa com a Revolução Francesa de 1789, inspira-se nas ideias protestantes e contesta agora o poder absoluto do rei e dos nobres, tenta liberalizar a monarquia, lança um conjunto de doutrinas políticas, sociais e económicas, introduz as ideias de igualdade entre todos e de democracia e inspirou as primeiras ideias de uma sociedade comunista, com Gracchus Babeuf e Blanqui, a quem Lenine foi buscar os métodos de formação daquele tipo de sociedade.

As consequências directas da Revolução Liberal foram não tanto o comunismo, mas sim o Nacionalismo e o Liberalismo, no sentido da afirmação dos direitos individuais e dos governos democráticos (representativos do povo) ideias que predominaram em todo o século XIX e até no século XX, segunda metade, com a queda das ditaduras e do fascismo.

Finalmente a Revolução Social, também chamada Russa ou Colectivista do século XX.

Mas, antes de me debruçar sobre a génese desta revolução, é importante caracterizar o clima social, político, económico e cultural desta transição do século XIX para o século XX.

E, o que ressalta como óbvio, é a curiosa coincidência desta transição de há cem anos para o século XX, ser muito semelhante à que estamos a atravessar na época em que estamos, do século XX para o século XXI.

De facto, o ambiente é muito parecido! Só faltaram as novas tecnologias (computador, internet, televisão, telemóveis, i’pods…).

A mudança do século XIX pra o XX foi uma verdadeira reviravolta. Tudo o que caracterizava a cultura prevalecente no século XIX, foi virada do avesso. Tudo era contestado.

Na peça de Oscar Wilde, «The importance of Being Earnest», todas as virtudes do período precedente, foram ridicularizadas. Afirmava-se que a arte não tem de ensinar a moralidade.

Vivia-se um ambiente de relativa prosperidade económica, consequência da revolução industrial, o que apelava ao consumismo.

A droga e com ela a toxicodependência, apareceram nesta época. Drogas como a heroína, a marijuana e até a morfina, eram consumidas livremente.

A revolução sexual e a emancipação da mulher, contrariamente ao que se pensa, apareceram aqui. Os divórcios dispararam, a violência doméstica aumenta, as cisões familiares aumentam, tal como hoje…

No domínio das artes, em particular na pintura, a corrente prevalecente, que rompe com o impressionismo e o pós-impressionismo é o Cubismo (expressão das formas), uma espécie de imagem a três dimensões, aparece em 1908, com Picasso e Braque.

O caos e a desordem social era tanta que, muitos propunham o regresso a um primitivismo simples, curiosamente tal como hoje, como forma de garantir a sobrevivência das sociedades.

O ambiente político e social era, no entanto, muito tenso, consequência da emergência dos nacionalismos inspirados na revolução francesa e de divergências entre o Estado e a religião oficial, em alguns países europeus.

Em França, a Terceira República vacilava, ameaçada pelo poder militar. A Inglaterra perdia a supremacia industrial e comercial, e era ameaçada pelas classes trabalhadoras das indústrias, que reivindicavam melhores condições de trabalho e de vida.

A Alemanha, e outros países, apesar do seu poderio imperial, vivia uma «guerra» de culturas (divergências entre o Estado e a população católica) e pela agitação política e social provocada por grupos socialistas e trabalhadores.

Os nacionalismos ganham expressão, exacerbando tensões entre alguns países europeus (Uma revolta na Noruega, determinou a sua separação da Suécia).

Este estado de tensão e de agitação, em simultâneo com um clima cultural de contestação social e dos valores prevalecentes no século anterior, indicava de certo modo, que o fim do século XIX, determinaria também o fim de todas as coisas.

Passados os primeiros catorze anos do Século XX, a tragédia que se seguiu ao pressentimento de que tudo iria acabar, chamou-se Primeira Grande Guerra Mundial (1914-1918).

Embora as causas próximas sejam conhecidas, o que importa são as causas remotas. E as causas remotas vamos encontrá-las no exacerbar dos nacionalismos na Europa e na instabilidade na definição das identidades nacionais de algumas regiões do velho continente e ainda na necessidade de consolidação dos impérios coloniais.

Amadurecem agora ideias que já vinham do período anterior à guerra.

Opera-se a Grande Mudança, com o aparecimento dos socialismos e das questões sociais (as primeiras ideias concretas sobre o Estado Social aparecem aqui) e essencialmente a grande mudança procura transformar o Liberalismo no seu contrário, o Socialismo.

Após estas considerações históricas prévias, podemos agora compreender a génese da quarta revolução, a Social, também chamada de Revolução Russa ou Colectivista.

Os antecedentes remotos desta revolução vamos encontrá-los no período anterior à Primeira Grande Guerra, inclusive ainda nos últimos anos do século XIX.

De facto, existia na Rússia, nessa época, uma conspiração permanente contra o regime autocrático dos czares, designadamente dos Romanovs, com assassinatos, execuções e trabalhos forçados nas minas de sal da Sibéria.

A agitação social prevaleceu, com golpes e contra golpes, até que o czar, ainda vitorioso, inicia acções punitivas a partir de 1905 e cala a rebelião.

A Revolução Social do século XX, embora, como atrás referido, já com a sua génese em finais do século XIX, começa sensivelmente por esta altura, em 1903 quando, na Rússia, é criado o Partido Operário Social- Democrata Russo, de inspiração marxista e sob a liderança de Vladimir Lenin.

A Revolução Russa de 1917, veio depor definitivamente o regime dos czares, com a queda de Nicolau II, em nome de um socialismo que proporcionasse maior justiça social para o povo, da necessidade de se reformularem os direitos de propriedade, especialmente da propriedade agrária e de se lançarem as bases de uma nova economia que desenvolvesse o país.

Seguiu-se uma guerra civil sangrenta que se prolongou por décadas, com milhões de mortos, milhares deles executados sumariamente.

Terminada a Primeira Grande Guerra em 1918, a Europa fica destroçada.

Lenin e Trotski, denunciaram a guerra, apontando-a como uma consequência do imperialismo e do capitalismo.
Centenas de Milhares de operários e trabalhadores diversos, caem no desemprego e passam sérias privações, dando razão às teses dos dirigentes russos.

A Rússia, por ter repelido os alemães, afirma ter vencido o imperialismo e o capitalismo, dando força a uma corrente intelectual que via na Revolução Russa, um recomeço de «mãos limpas».

No mundo ocidental as teses de Marx são retomadas e o marxismo volta a ganhar popularidade, criando-se células por toda a Europa.

A Grande Depressão de 1929, com a ruína das Indústrias e dos Bancos, coloca o mundo ocidental em sérias dificuldades, dando mais uma vez razão às teses russas do marxismo.

O comunismo tornou-se popular, pois garantia estabilidade e um mínimo de subsistência garantido para todos.

A Revolução Social estende-se por todo o século XX. Surgem as grandes descobertas científicas que haviam de revolucionar o mundo pós Segunda Guerra Mundial. Einstein e Freud estão na moda.

No período compreendido entre as duas Grandes Guerras, amadurecem as correntes político sociais. Nos anos trinta aparece o fascismo e depois o nacional-socialismo, na Alemanha e na Itália como corrente intermédia entre liberalismo e comunismo.

Por todo o mundo, muitos Estados adoptam o comunismo de modelo russo.

Os líderes ocidentais adoptam o governo do povo, baseados num conceito incorrecto de democracia. A democracia, por definição, é o governo de todo um povo, um sistema em que toda a comunidade debate e vota. Nunca tal se verificou, pois basta a permissão da abstenção para não se poder falar de democracia.

Mais correctamente devemos falar de período demótico que significa época do povo ou da prevalência do povo e que caracterizou toda a segunda metade do século XX.

Antes porém, acontecimentos e tensões semelhantes aos que desencadearam a Primeira Grande Guerra, acabam por desencadear a Segunda.

Nova tragédia para a Europa que fica novamente destroçada. Ergue-se novamente com o auxílio dos EUA, mas o Mundo fica dividido entre o Ocidente «democrático e anticomunista» e o mundo comunista com a emergência da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (União Soviética) que, em consequência da guerra, anexou grande parte da Europa Oriental e Central, incluindo uma parte do território alemão.

Surge a Guerra Fria, baseada no equilíbrio do terror e dos armamentos nucleares, e com ele o antagonismo entre dois sistemas económicos e sociais: capitalismo e comunismo.

Surgem a NATO e o Pacto de Varsóvia, duas organizações rivais que se digladiam. Aparece a Sociedade das Nações, depois Organização das Nações Unidas, com o intuito de prevenir e dirimir os conflitos mundiais.

Apesar deste quadro de tensão mundial do pós Segunda Guerra, a Revolução Social do Século XX prossegue, com bastante ímpeto especialmente a partir dos anos sessenta, em que os tempos demóticos ganham uma expressão sem precedentes.

A loucura dos anos sessenta, com o aparecimento dos Hippies , o tempo do «façam amor não façam a guerra» e a revolta estudantil do Maio de 1968 em França, foram a pedra de toque que haveria de marcar as décadas seguintes.

A emancipação das pessoas e das sociedades, isto é, a libertação das grilhetas do passado, é um facto e tudo é posto em causa, valores, princípios morais, dando a forma a uma corrente designada de Relativismo, em que se procura demonstrar que todos os nossos actos são relativos, não há valores absolutos.

O Bem e o Mal são relativos. O mal para uns pode ser o bem para outros!

Em matéria de emancipação das sociedades, o Separatismo é a tendência mais forte em finais do século XX.
Um pouco por todo o mundo, os separatismos ocorrem: Escócia, Gales, Bretanha, País Basco, Repúblicas soviéticas, Quebec, Curdistão, Texas, Repúblicas Bálticas, Paquistão, Bangladesh, são apenas alguns exemplos.

O crime organizado prolifera, perante a complacência e impotência dos poderes públicos.

O individualismo, que predominou nas décadas anteriores, é confrontado com o Estado Social. Este já não se limitava apenas a garantir a subsistência dos pobres e desfavorecidos, mas também a segurança e conforto de todos os cidadãos.

O custo do Estado Social era e é elevadíssimo, o que implicava impostos elevados, o desperdício e a corrupção pela existência de leis complicadas.

Com o Estado Social fomentava-se o consumismo, criavam-se novas necessidades e levava ao endividamento desmesurado das pessoas, apenas para consumir, traços também característicos deste período demótico.

A democracia entra em crise, pela descrença dos cidadãos nos políticos, a abstenção abre caminho à eleição de governos não representativos.

O indivíduo demótico do século XX surgiu na sua qualidade de cidadão: imigrante, defensor da liberdade, criminoso, votante apático, consumista, recebedor de benefícios concedidos pelo Estado ou vítima de uma ordem pública impotente.

O que mais desejava o indivíduo demótico era a Vida não Condicionada, como preferência, no culminar de 500 anos de emancipação.

O Impróprio era e é ainda, o traço característico do estilo demótico:
- As convenções tradicionais caem para dar lugar ao bizarro, ao obsceno; a indumentária juvenil rasgada e suja, pretende imitar a aparência dos estratos sociais mais baixos, o desleixo deliberado contrariava o snobismo e o egotismo.

A revolução sexual do início do século dá lugar à sexualidade explícita, à sensualidade, à obsessão mental pelo sexo, à pornografia na Internet e em muitas revistas ao alcance de todos, incluindo crianças, ao comércio do sexo, à prostituição feminina e masculina, anunciada com toda a liberdade na Web, em jornais e em revistas.

A paixão e o amor deram lugar ao prazer do sexo e a toda a espécie de práticas sexuais promíscuas.
A promiscuidade sexual faz surgir uma doença terrível: a SIDA, que já matou milhões e ainda não se alcançou a cura.

O adultério tornou-se vulgar e deixou de ser crime. Muitas mulheres e homens optam por não casar nem constituir família.

O conceito de família tradicional é posto em causa.

A homossexualidade é consentida e depois legalizada
, passando a ser considerada uma orientação sexual tão normal como a heterossexualidade. Passou a ser um direito constitucional.

O casamento entre pessoas do mesmo sexo é legalizado em vários países de cultura ocidental.

Os divórcios disparam e sobem exponencialmente, a violência doméstica sobre as mulheres aumenta de forma preocupante, muitos casais jovens preferem juntar-se a casar-se perante o espectro muito provável do divórcio a curto prazo, as famílias desfazem-se, os filhos são seriamente afectados.

A instabilidade conjugal é enorme devido à mudança dos hábitos sexuais
e da influência do passado, sempre presente.
O alcoolismo juvenil, com bebidas de forte teor alcoólico, está na moda, nos bares nas discotecas e em tudo o que é diversão, dando lugar á incidência muito precoce, ante dos trinta anos, de uma doença também fatal: a cirrose hepática que atinje já extratos populacionais cada vez mais jovens, indiferenciados, entre mulheres e homens.

Proliferam um pouco por todo o lado as Sex-shops, onde se encontram toda a espécie de produtos, artigos e instrumentos para proporcionar prazer e divertimento sexuais.

A promoção do desejo, a pornografia de fácil acesso, as drogas estimulantes estão na moda, para aumentar a duração do acto sexual, dando a falsa aparência de atletas aos protagonistas.

A paralisia, a impotência masculina, a depressão, as doenças mentais começam a afectar tanto jovens como adultos. A taxa de natalidade desce cada vez mais para níveis preocupantes, pondo seriamente em risco a renovação da população e com ela a sobrevivência das sociedades.

A procura do prazer e do consumismo, parece ser a principal preocupação do indivíduo demótico dos finais do século XX e princípio do século XXI.

Cabe aqui uma referência ao Relativismo e à sua relação com a Vida não Condicionada, ideias que caracterizaram e caracterizam ainda os tempos demóticos, da Revolução Social de finais do século XX, princípios do século XXI.

O termo relativismo pretende significar a causa de toda a imprecisão. Relativo significa flexível, adaptável, numa escala em que o mesmo facto ou situação são vistos em perspectivas diferentes.

O Relativismo nega que exista o Bem e o Mal. Para o relativista não há moral, religião ou cultura.

Quando a moral diz: não se deve mentir, o relativista diz: vou mentir ou não, conforme me convier ou segundo os meus interesses.

Por isso, a corrupção, o roubo, até um homicídio, podem ser justificados à luz da corrente relativista.

A corrente relativista é contra a existência de códigos morais, de princípios e valores sociais de referência, nem implica qualquer juízo de valor ou preferência definitiva.

A civilização ocidental vangloria-se de ter desenvolvido o relativismo e o pluralismo. Este acomoda num mesmo sistema, religiões, códigos morais, correntes políticas.

Por isso é legítima a pergunta, até que ponto uma sociedade pode permitir a diversidade sob o pluralismo, e isso constituir um problema real?

E é legítima outra pergunta: não haverá pelo menos alguns princípios fundamentais de conduta que todo o mundo reconheça como vinculativos e não sujeitos a alterações ou diferentes juízos de valor?

Aparentemente não!
Mas, a pergunta deve, no mínimo, ser sujeita a uma profunda reflexão, antes de uma resposta definitiva. Por isso fica no ar para uma crítica.

A corrente relativista, explica assim, o comportamento do indivíduo demótico especialmente do último quartel do século XX e com grande expressão nos primeiros anos do século XXI

O relativismo explica que não haja distinção entre alunos bons ou maus numa escola, o direito ao sucesso e à ascensão social de todos os indivíduos, sejam competentes ou não, trabalhem ou não.

O relativismo é uma espécie de Lei da Selva, em que cada um faz o quer, como quer e onde quer e em que cada indivíduo, não hesita em enganar e prejudicar o seu semelhante, se isso constituir uma vantagem para si e seja do seu interesse.

É óbvia a relação da corrente relativista com a característica demótica da Vida não Condicionada, estilo de vida do Homem de finais do século XX, princípios do século XXI.

Para terminar, as grande interrogações:

- Os 500 anos de civilização ocidental decadente estão, de facto, a terminar?
- A transição para uma nova sociedade, não relativista, ou seja, em que haja princípios morais e valores de referência que todos respeitem, já começou?

Quanto à primeira pergunta
, ao analisarmos todo o percurso do Homem durante estes 500 anos, tudo aponta para o fim de uma Era e de uma civilização.

Parece que o Homem de cultura ocidental caminha para a sua autodestruição. Tudo aquilo que no passado era o suporte e o sustentáculo de uma vida equilibrada que garantia a sobrevivência e a continuidade das sociedades, porque mais de acordo com a Ordem Natural da vida no Planeta, está desmoronar-se e, muito preocupante, de forma irreversível.

De facto, uma sociedade que não se renova, que segue padrões de vida que se afastam cada vez mais da Ordem Natural do Planeta que habitamos e que, contrariamente às outras sociedades animais que vivem segundo a lei da selva natural, segue, segundo o princípio relativista, a Lei da Selva Racional (logo pervertida, não natural), caminha para a irreversibilidade da autodestruição.

Nesta caminhada e disso já somos testemunha, geram-se tensões sociais graves, as relações entre as pessoas são cada vez mais difíceis, ninguém se pode dar ao luxo de «dar o flanco», pois corre o risco de ser enganado e gravemente prejudicado. Toda a gente engana toda a gente. O relativismo assim o justifica.

A sociedade do prazer e do relativismo, que bem caracteriza o mundo ocidental actual, transformou o sexo em mero instrumento de prazer e diversão e menos em instrumento de reprodução, o que muito está a contribuir para a queda constante da taxa de natalidade, juntamente com outros factores: a homossexualidade, a carreira e a emancipação das mulheres, desviando-as da sua função natural de geração de novos seres, a infertilidade masculina e feminina devido aos excessos e à vida anti-natural, às cisões familiares e à perversão do conceito de família.

As sociedades ocidentais emanciparam-se, mas emancipação não pode significar autodestruição e está , de facto a autodestruir-se pelo mau uso que tem feito dela ao longo dos séculos e que, no fim da era moderna e já no pós-modernismo, a emancipação está a assumir foros de verdadeira loucura colectiva, podendo tornar a vida em sociedade insustentável.

Esta é a minha convicção!

Quanto à segunda questão, é um facto que a civilização ocidental se transformou numa Caixa de Pandora, que já se abriu e o vendaval já começou.

A queda da civilização ocidental ou cristã, como lhe queiramos chamar está, de facto, a aproximar-se do fim e está a ocorrer por razões semelhantes às da queda do Império Romano.

Apenas uma diferença: os novos bárbaros agora chama-se «islâmicos» e já cá estão em força, por via da globalização e da abertura das fronteiras, preparados para avançar e desferir o golpe final.

O 11 de Setembro de 2001, foi apenas um exemplo de um ataque brutal e bem sucedido dos novos bárbaros, ao coração da grande nação de cultura ocidental.

Uma guerra de civilizações já começou na transição do milénio
, e está em marcha avassaladora.

Os «infiéis» de outrora, transformaram-se em «cruzados» e os antigos «cruzados», transformaram-se, hoje, nos «infiéis».

As cruzadas de hoje são contra o ocidente e a sua cultura decadente. Os papéis inverteram-se. A guerra santa ou «Jihad», já começou.

E as suas vitórias vêem-se e somam-se, para surpresa de todo o mundo: no Iaque, venceram as maiores potências do mundo, dispondo de meios bélicos exíguos; no Afeganistão estão prestes a alcançar nova vitória, com o recuo e a retirada das maiores potências económicas e militares do mundo.

O mundo islâmico ganha terreno, perseguindo e eliminando pela força o que ainda resta de cultura cristã e ocidental: em África (Sudão, Etiópia, Argélia, Egipto, Nigéria, Somália e muitos outros); na Ásia (Indonésia, Filipinas, Timor Oriental e Ocidental, Médio Oriente).

Na Europa, a população muçulmana instalada, já com descendentes de cultura muçulmana, ascende já a mais de 50 milhões.

O Ayatola Ali Jamanei, líder espiritual do Irão, afirmou:

«Há sinais de que Alá concederá a vitória na Europa, sem espadas, sem armas, sem conquistas. Os 50 milhões de muçulmanos na Europa irão convertê-lo num continente muçulmano em poucas décadas»

Ninguém consegue prever o futuro, mas tudo aponta, para uma implantação e influência cada vez maior da população e cultura muçulmanas, que segue princípios morais e valores de referência social levados ao extremo, cuja taxa de natalidade é muito superior aos dos povos europeus e até do continente americano.

A grande Transição para Nova Sociedade, parece já ter começado. A nova Europa chamar-se-á «EURÁBIA», assim o afirmam os líderes muçulmanos, certos da vitória!

Terá o mundo ocidental decadente, ainda capacidade para reunir forças e encontrar um ponto de equilíbrio?

O futuro o dirá!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

NO PAÍS DOS PAPAGAIOS

Portugal está a falar de mais!

Está a falar de mais e a trabalhar menos, para resolver os gravíssimos problemas com que se está a defrontar e que se vão agravar no ano que se avizinha.

Nos jornais, nas rádios, nas televisões, os mais exímios «experts», sabem tudo sobre tudo.
Fazem lembrar os relatores de futebol, a comentar, a descrever e a criticar as jogadas políticas dos atletas que protagonizam este espectáculo gratuito proporcionado ao país.

Muitos deles, apesar de tudo saberem, em teoria, na prática já deram provas da incoerência daquilo que dizem e da incapacidade de resolverem os problemas do país.

Repetem sistematicamente as mesmas receitas de sempre, quais papagaios que ainda não aprenderam a falar de outra maneira.

Falamos muito, mas trabalhamos pouco.

Mas há excepções! Há neste país excelente gente que fala pouco e trabalha muito.

No silêncio dos laboratórios, pessoas, das mais qualificadas a nível nacional e internacional, pouca gente as conhece, poucas vezes as televisões, nas suas reportagens divulgam e dão a conhecer as suas actividades.

Mas, esses anjos da ciência existem e pouco falam, porque dedicam a sua vida à causa da ciência e é nela que estão concentrados no silêncio dos laboratórios.
Por isso, o tempo de trabalho que dedicam à sua causa, não tem medida, não tem fim.

As grandes audiências do país dos papagaios, apreciarão certamente muito mais uma «Casa dos Segredos» ou um «Jogo de Futebol» do que a divulgação do estado da ciência em Portugal.

Obviamente haverá outras excepções, mas estas não confirmam a regra.

Por isso preferimos falar, arranjamos bons empregos para falar, falar e mais falar!

O falar às massas dá bons empregos, dá bom dinheiro, proporciona importância resultante da notoriedade, mas não notoriedade resultante da importância.

Falamos bem, sem dúvida, mas trabalhamos mal…

Por isso estamos na cauda Europa em quase tudo, excepto na educação que, milagrosamente e de uma ano para o outro, fomos colocados nos tops dos «rankings» europeus, pelo excelente aproveitamento dos alunos, fruto de um grau de exigência e de uma qualidade de ensino ímpares.

São os tais alunos que não sabem o que é 1 metro quadrado, que recorrem à máquina de calcular para multiplicar 5X1, e que contam uma a uma, um conjunto de 18 garrafas, alinhadas numa caixa com 6 no comprimento e 3 na largura.

Não sabem, porque não lhes ensinaram segundo as regras. Por isso, o seu cérebro não consegue fazer operações aritméticas simples, não está treinado para isso.

São os tais alunos que, abandonando o ensino no 9º ano ou antes, por manifesta incapacidade intelectual de fazerem os mínimos de exigência, nas ridículas provas de avaliação actuais, tiram excelentes notas nos cursos das «novas oportunidades» e por via da excepcional média que obtiveram, entram para o Curso de Medicina mas que, com muita probabilidade, nunca chegarão a ser médicos.

Os únicos lesados, seremos nós os contribuintes que, com os impostos que pagamos, estamos a financiar a ignorância e o falhanço destes privilegiados da sorte que, não sabendo aproveitar todas as facilidades do actual sistema de ensino, nem assim conseguem chegar a lado nenhum. Apenas consomem tempo e dinheiro ao Estado.

Falamos demais acreditando cegamente na utopia que nos está a afundar e a conduzir ao abismo.

Muita gente fala, sem saber verdadeiramente o que está em causa, quais a razões profundas da crise que estamos a viver, muita gente fala apenas porque lhe interessa defender os seus interesses individuais, de classe, sindicais ou outros, sem querer saber dos interesses do país.

Já é tempo de falarmos menos e trabalharmos mais.

O país agradece e bem precisa para lançar as bases do seu crescimento económico e com ele o desenvolvimento, a qualidade de vida e erradicação da pobreza que a todos nos envergonha.

Já é tempo de entendermos o logro da utopia em que caímos, mas em que muitos de nós ainda continua a acreditar.

Já é tempo de mudarmos de rumo, de sistema e de filosofia políticos, de deixarmos entrar de vez o ar fresco da primavera e acabar com a imensa invernia em que temos andado mergulhados.

Já é tempo de reivindicar menos e trabalhar mais, de arregaçar os braços e por mãos à obra, porque as tarefas que temos pela frente são imensas e já não se compadecem com «falas» ocas e vazias.

O tempo do falar por falar já devia ter acabado.

O país não se compadece mais com estas inúteis perdas de tempo. O país exige que nos calemos e comecemos a trabalhar no duro, porque o que temos pela frente assim exige.

Mas tudo tem de começar pelo «refresh» das velhas ideias, da velha cultura e assimilar as novas, as únicas que nos podem conduzir ao sucesso.

Ainda estamos a tempo!