quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

DEMAGOGIA BARATA

Já assisti a muitas campanhas e pré-campanhas eleitorais para a Presidência da República, mas nunca tinha assistido a nenhuma destas.

Nunca se tinha descido tão baixo, na demagogia, na pobreza de ideias, no ataque destrutivo.

E para tornar a campanha mais divertida, assistimos agora também a um espectáculo de palhaçada.

Nos tempos do PREC, que ainda me recordo perfeitamente e de má memória, no estrangeiro, dizia-se e falava-se, com grande destaque em tudo quanto é comunicação social, da democracia carnavalesca que se vivia em Portugal.

Hoje, parece que voltámos a esses tempos do Carnaval democrático.

Numa situação de falência e ruína nacionais em que nos encontramos, pela mão dos ideólogos cujas correntes políticas, alguns candidatos agora em campo sempre defenderam, é deplorável que ninguém avance com uma ideia que seja, que se aponte um caminho, uma solução para encontrarmos a luz ao fundo do túnel onde nos encurralaram.

É deplorável que, em vez de se passar uma mensagem de unidade nacional e de envolvimento de todo o país, para que este encontre a saída para esta gravíssima crise, passa-se uma imagem de divisão, de radicalismo ideológico, de lavar de roupa suja e de jogadas eleitoralistas para ganhar votos e alcançar o poder pelo poder.

Poder pelo poder, foi sempre o lema dos políticos, por isso o país está na ruína!

A solução para a saída desta crise, duvido que algum candidato a tenha, pela simples razão de que ela resultou de um acumular de erros durante décadas e do bloqueio provocado pela teimosa insistência num modelo económico, político e social, que está gasto e ultrapassado.

Já estava aliás, gasto e ultrapassado, em experiências falhadas noutros países, mas nós não aprendemos nem a lição nem a história.

Por isso, para dar corpo à solução, para determinar o caminho a seguir, todos não somos demais, mas principalmente temos de nos unir em torno de um projecto e desígnio nacionais, em que acreditemos e nos empenhemos a fundo.

É deste projecto e desígnio nacionais que os candidatos não falam. Não falam uns porque não sabem, outros porque sabem perfeitamente que as correntes ideológicas que representam nos conduziram à ruína e apenas querem o poder e apenas um, é possível que conheça o projecto, mas não o pode implementar porque não é da sua competência, mas sim do governo.

De qualquer modo é bom que os portugueses saibam que a solução não vai ser fácil, não é de um ano para o outro que se resolvem problemas graves acumulados durante décadas.

O processo de recuperação do país vai ser longo e difícil e vai durar certamente mais de uma década de trabalho árduo e de limitações para os portugueses.

Com várias condicionantes:

Tem de haver estabilidade política, o modelo económico político e social tem de ser abandonado, o poder corporativo dos sindicatos tem de ser moderado durante o processo de recuperação e o sentido de voto dos portugueses tem de ser alterado.

Se alguma ou algumas destas condicionantes falhar, o país não terá recuperação pela intervenção dos agentes políticos nacionais e a solução e as medidas a tomar terão de ser impostas do exterior (FMI, UE).

O escandaloso e egoísta exemplo dos funcionários públicos
, cujas corporações representativas têm excessivo poder, ao intentarem providências cautelares contra o Estado, para não sofrerem cortes nos vencimentos, é um sinal preocupante de algo vai correr mal no processo de recuperação do país.

Alguém falou há dias, lá das bandas da Madeira, em Estado-povo, algo com o qual concordo, se pretendeu dizer que Portugal se transformou num espécie de Estado populista, isto é, num poder popular que tudo contesta e tudo inviabiliza.

O que é também um mau sinal da irrecuperabilidade do país, pelos seus próprios meios. O poder não pode cair na rua, nem nas mãos dos sindicatos.

É do projecto de recuperação nacional, é daquilo para que é preciso mobilizar os portugueses, é de informar e avisar os portugueses de que os tempos não são de reivindicações nem de contestações, em suma de alertar os portugueses para os perigos que os espreitam e da necessidade de falarmos a uma só voz.

O tempo não é de ideologias e como disse um dia Barroso, e bem, as ideologias não dão de comer a ninguém.

O tempo é de unidade nacional.

É disto que os candidatos à Presidência da República deviam falar!