terça-feira, 15 de julho de 2014

NATALIDADE: A BOMBA RELÓGIO QUE JÁ COMEÇOU A REBENTAR

 
 
 
 
Depois de pressões de todos os lados, das sugestões quanto a medidas a tomar, o governo actual, finalmente, de mãos na cabeça e parecendo desnorteado, sem saber bem o que fazer, acorda de um pesadelo e avança com qualquer coisa, medidas avulsas.
Pesadelo de que Sócrates, também sob grandes pressões e quase empurrado pela crua realidade, a olhar para o problema da natalidade, também pareceu acordar e meio desorientado perante tal novidade, de que ele nunca se dera conta, nem lhe passou tal coisa pela cabeça, avançou com qualquer coisa: as creches.
Creches que também ninguém viu onde foram feitas, ou se alguma vez foram feitas.
Recuando mais no tempo, Barroso também não se apercebeu de nada, o anterior, o homem dos pântanos, da dificuldade em calcular 6% do PIB, da governação por telemóvel e dos telemóveis aos pastores e das bengalas de chocolate prometidas aos idosos, se votassem nele, ainda menos de lembrou disso.
Natalidade? O que é isso? É alguma coisa digna de nos lembrarmos dela? Não, isso nem chega  a ser um problema que merece que se fale nele.
O politicamente correcto, apontava o caminho certo, não era preciso fazer mais nada:
- Cada um que faça o que quiser: aborte, que o Estado paga à clinica privada, seja «gay» e «Lésbica» à vontade, que o Estado também paga as suas campanhas e exibições de propaganda, nas avenidas e nas escolas, como a grande cultura pós-moderna e com  futuro, seja «Bi» e seja «Trans», à vontade, vá à clina do Dr, ponha hoje as mamas que quiser e amanhã vai trabalhar.
 
Foi esta a cultura que a  esquerda portuguesa, incentivou no país. Natalidade, o que é isso? Isso não é problema que mereça sequer ser falado.
 
Foi assim, durante décadas.
As podres,  amorfas e enviesadas, massas cinzentas e com óculos de fundo de garrafa, desta gente a quem confiámos o poder, foi só nisto que lhes deu para pensar, obedecendo cegamente ao dogma.
 
Cometeu-se, impunemente, porque ninguém os responsabilizará, um dos maiores crimes de lesa humanidade:
- A não renovação da população de Portugal, em tempo útil.
 
Mais uma vez, os ditadores que tomaram o poder neste martirizado país, há trinta anos, há vinte anos, há dez anos, não deram ouvidos aos que insistentemente clamavam, em alto e bom som, em tudo quanto é sítio, até os pequenos partidos, por uma solução para o problema da natalidade, já que a taxa decrescia perigosamente, ano após ano, revelando uma clara ameaça, para o futuro de todos nós.
Creio que já acordámos tarde.
Os desequilíbrios demográficos provocados, agravados com a séria situação económica e social do país, com reflexos directos na diminuição da população activa e na capacidade económica do país, agravados ainda com a nova vaga de emigração e com o desemprego em massa, teve como consequência directa a insustentabilidade dos sistemas de segurança social.
Como vai o país garantir pensões aos actuais e futuros aposentados? Como vai o país garantir a apoio social a quem precisa?
Como vai o país crescer e desenvolver-se, com défice acentuado da sua população activa e com a população idosa a aumentar?
E agora, como vai o actual governo, fazer face às promessas que, hoje anunciou, para apoiar a família que, a muito custo, empurrado, quase obrigado, perante a inevitabilidade de um grave problema criado, já verdadeira emergência?
Como vão os casais desempregados ou com emprego precário, decidir ter filhos, pelo menos dois, num quadro de grave depressão económica e social do país e queda generalizada dos rendimentos das famílias?
Mesmo, no pressuposto, meramente teórico, de que os casais portugueses aderiam em massa a esta iniciativa do governo, daqui a quanto anos essas crianças, que agora teoricamente, vão começar a nascer, poderão inverter a situação actual, já de si extremamente grave?. Pelo menos vinte anos.
E, os governantes já pensaram no que vai acontecer neste lapso de tempo de 20 anos, perante um rácio população jovem/ população idosa, que se vai provavelmente  agravar cada vez mais?
São perguntas sem resposta.
Há quem fale em imigração. Mas a imigração, a esmagadora maioria não tem qualificação e muitos vêm para cá apenas parasitar e viver no desemprego e na marginalidade.
O pais precisa de jovens qualificados, cada vez mais qualificados, já que, para desgraça nossa, e apesar de todo o facilitismo que Abril colocou no sistema de ensino, somos o país da União Europeia, em que apenas 40% dos jovens em idade activa têm o ensino secundário completo.
 
Receio bem, que o ponto de não retorno já tenha sido atingido e de colonizadores de metade do mundo, passemos a colonizados, no nosso pequeno reduto no espaço europeu, provavelmente por espanhóis, alemães, franceses e, residualmente outros povos da Ásia e Américas.
Este deverá ser, com muita probabilidade,  o nosso futuro a longo prazo.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

UMA VISÃO DE DEMOCRACIA SOCIAL PARTICIPATIVA


 
 


Perante a falência dos modelos tradicionais que resultaram do pós II Guerra Mundial, urge substituí-los, em fases progressivas, por novos modelos de sociedade que dêem resposta mais eficaz aos problemas sociais do nosso tempo.

Esses modelos tradicionais, embora na sua génese, procurassem essa resposta, a verdade é que, por um conjunto de factores, desde logo a sua inadaptação perante a própria evolução social e económica das nações, mas essencialmente a sua desvirtuação pelos agentes políticos, económicos e sociais, acabaram por resultar praticamente nos seus antídotos.

Com efeito, o que se pretende nesta abordagem é definir um novo conceito de democracia social, que possa constituir uma evolução, um novo e mais elevado patamar de sociedade, que substitua os conceitos passados de socialismo e social-democracia.

As experiências sobre a liderança de grupos, mostram-nos que nas lideranças democráticas, o líder interage com os participantes, leva em conta as suas opiniões e decide em conjunto com estes. Mas, tal  como no estilo autocrático, também aqui a experiência e competência do líder são importantes para a eficácia do grupo, mas corre-se o risco das suas qualidades enquanto líder, se diluírem com as opiniões dos participantes e, em casos extremos, como acontece muitas vezes no nosso país, predominar a opinião dos participantes, especialmente se estes tiverem muito poder.

O conceito de democracia social participativa, pretende ser um modelo equilibrado que, sem se cair na situação em que os participantes decidem em exclusivo, sendo o líder mera figura emblemática, embora possa ser competente, mas que, potenciando as qualidades e competência do líder, eleito pelos participantes em função dessas qualidades, não exclua a influência dos participantes na tomada de decisões.

O modelo tem de garantir a eficiência e a eficácia das decisões, o bem comum colectivo, potenciando e não diluindo as capacidades da liderança mas, devido à natureza volátil do comportamento humano, tendendo a satisfazer os seus interesses individuais, em prioridade, tem de ser dotado de inúmeros mecanismos de controlo, a todos os níveis.

 
O modelo de Democracia Social Participativa pretende, assim, garantir:

 - A eficácia das decisões e o bem comum colectivo

- A evolução para um novo conceito de democracia que, não excluindo a participação dos cidadãos, a todos os níveis, desde as decisões políticas, até às decisões económicas, sociais e culturais, seja efectivamente eficaz e não utópica.

- Basear-se numa democracia representativa partilhada entre políticos e independentes, num pressuposto evolutivo de que as democracias não podem ser propriedade exclusiva dos políticos, eleitos directamente por sufrágio, que representem efectivamente as populações e em que os poderes se encontrem equilibrados em duas Câmaras Parlamentares.

- A institucionalização e incentivação, de formas especiais de democracia directa (assuntos de cariz nacional ou fracturantes da sociedade e, em geral que não devem ser decididos apenas pelos políticos e os independentes) não apenas ao nível central, mas especialmente aos  níveis regional e local;

- Flexibilidade constitucional, que permita que a sociedade possa funcionar segundo um padrão flexível de liderança, mas viabilizando e incentivando o crescimento e o desenvolvimento, única forma da sociedade atingir elevados níveis de bem estar social.

- Cada cidadão decida o seu projecto de vida, sem constrangimentos estatais ou outros, ou seja, permitindo e incentivando a sua integração e envolvimento social e económico, a sua educação,  formação e acesso à cultura.

- A recuperação dos valores nacionais e a identificação de todos os cidadãos com estes valores, forma de recuperar a identidade colectiva que nos faz pertencer a uma Nação, valores que se devem sobrepor aos da globalização social, económica e cultural.

- A institucionalização de níveis de controlo e monitorização do sistema, embora sem bloqueios injustificados. Seria ideal que estes mecanismos funcionassem apenas como instrumentos dissuasores.

terça-feira, 8 de julho de 2014

A ENTRADA NO EURO E A ARMADILHA DA DÍVIDA

 
Quando em 1999, Portugal declarou que estava preparado para entrar na zona euro, na verdade, não estava.
Os critérios de convergência exigidos pelos centros de decisão da União Europeia foram, nos anos anteriores, premeditadamente forjados: o défice público, a inflação e desemprego e as dívidas pública e privada.
 
Governava o socialista António Guterres.
Este, apregoava aos sete ventos, que queria Portugal no «pelotão da frente» do euro, como uma grande conquista e uma grande vitória para o povo português!
E assim foi.
O Tratado foi assinado, nas costas dos portugueses. Ninguém foi ouvido nem achado. Uma precipitação que nos custou muito caro, nos anos que se seguiram a esta decisão trágica.
 A irresponsabilidade e inconsciência dos políticos, acreditava que seria o paraíso que aí vinha. Todos viveríamos melhor e ficaríamos mais ricos. Era o mito da moeda forte. A riqueza viria milagrosamente daí.
E não era preciso esforçarmo-nos muito. Podíamos até abdicar da agricultura, das pescas e da indústria. Tudo chegaria cá em catadupas, do bom e do melhor, vindo da EU. Era só consumir o único esforço que se exigia.  A árvore das patacas, faria o resto, bastaria abaná-la.
 
Mas, saiu-nos o inferno!
 
Sem autonomia monetária, sem autonomia cambial e sem autonomia orçamental, Portugal ficou privado, dos principais instrumentos de gestão das suas políticas económicas e financeiras autónomas.
Sem suficiente solidez de um sistema económico já pouco competitivo nessa altura, com uma economia tendencialmente em queda e com a despesa pública em ascensão acentuada, um estranho paradoxo, quando não de dispõe de uma economia que a sustente.
Era o mito do Estado Social que, como se viu e vê, assentava em pés de barro.
Portugal, inevitavelmente,  entraria em queda livre.
 
Do pântano de Guterres e da tanga de Barroso, até à demagogia eleitoralista e despesista de Sócrates e à corrida vertiginosa para o abismo, foi um passo.
 
Sem instrumentos monetários, ficámos reféns dos mercados financeiros internacionais, como a única fonte de financiamento: dinheiro alugado e custo do aluguer dependente da especulação.
Sem instrumentos cambiais, o mercado exportador soçobrou e virou-se para o mercado de bens não transaccionáveis. Sem oferta interna de bens e serviços, que produzisse o necessário para vivermos, o país ficou  na dependência de importações, agravando consideravelmente o défice das Balanças com o exterior.
 
Inevitavelmente a queda da economia acentuou-se ainda mais. Por falta de recursos internos a dívida pública e privada, dispararam para níveis históricos.
O resgate financeiro para cobrir a bancarrota era inevitável.
Daí resultou mais dívida, mais custos para o país e mais consumo de recursos, suor dos portugueses, mais queda de rendimentos, já de si, baixos, menos qualidade de vida, no fundo mais empobrecimento, para satisfazer regras e exigências implacáveis de credores internacionais.
Resultado da irresponsabilidade de quem nos governou.
 
A este flash, circunscrito apenas ao domínio particular do euro e da dívida, há que juntar todos os outros, desde logo, um errado modelo de desenvolvimento que não nos deixou voar e que, já feito em farrapos, o partido do regime teima, lunaticamente,  em remendar e manter, todo o completo descontrolo, verdadeira incúria e desleixo dos governantes, das principais variáveis críticas de sustentabilidade de uma sociedade.
 
Responsabilidades e responsáveis?  Não há. Nunca houve.
A blindagem do regime e a estratégia de branqueamento funcionaram em pleno e sempre funcionam da mesma maneira, aproveitando a santa inconsciência do Povão e a análise superficial dos factos, apenas os observáveis no momento presente.
Causas para erradicar a doença do doente português? Não há, apenas os efeitos são analisados, uma espécie de saga alopática popular.
 
O diagnóstico do médico-político está sempre sistematicamente errado e o doente nunca mais se cura!
Em última análise, a culpa é de todos nós, que consentimos isto e temos muita dificuldade em ter uma visão colectiva das coisas e sentir o instinto de sobrevivência, apenas pensamos no individual.