domingo, 23 de março de 2014

DO HOMO SAPIENS AO HOMO ASTÚCIUS

Sabe-se, pela observação comportamental e pelos estudos da mente do Homem, que este animal, segundo a classificação taxonómica, pertencente à classe dos Tetrapoda Mammalia, Ordem dos Primatas, Família dos Hominídios e à espécie Homo Sapiens ( a única ainda sobrevivente do tipo Homo), que apresenta características instintivas, natas, comuns a outros animais com classificação idêntica.
 
O Homem não é, portanto, muito diferente dum cão, dum gato ou duma galinha, em termos de comportamentos instintivos, nomeadamente a tendência para o egoísmo, o açambarcamento e ganância, e a agressão ao seu semelhante, quando contrariado nestas tendências natas.
Mas, porque dotado de uma inteligência superior, consegue levar a extremos estas características, potenciando a astúcia, a argúcia, a esperteza, a perfídia e toda uma série de artimanhas, para conseguir, não apenas concretizar os seus instintos animalescos mais primários, mas toda uma série de objectivos, muitas vezes da maior perversidade.
 
Temos de admitir e concluir que o Homem é um animal extremamente perigoso, mesmo o mais perigoso da Evolução, não apenas para os da sua espécie, mas ainda para todas as outras espécies e até o mais predador de todo o ecossistema.
 
Estes factos contradizem aquilo que devia ser uma racionalidade, uma lógica positiva, resultante da inteligência, ao serviço da sua comunidade e do seu semelhante.
E assim, o Homem, com tais características de perigosidade, só consegue ser controlado (e com dificuldade, pela comunidade) por meio de um conjunto de regras coactivas, compulsivas, portanto, com caracter obrigatório, acompanhadas de sanções e punições para quem as infringir, que podem ir até à pena de morte.
 
A pena de morte é, ela própria, como sanção extrema que é, o melhor indicador de que o Homem é um animal extremamente perigoso.
Deixado ao seu livre arbítrio, este mamífero, da ordem dos primatas, é capaz de cometer as maiores atrocidades.
E, mesmo extremamente controlado por um conjunto complexo de regras, normas e leis e de graves sanções no caso de infracção, este primata, consegue, muitas vezes, escapar ao seu cumprimento.
 
Os Tribunais atolados de processos, muitos do foro criminal, são a melhor prova desta realidade.
As perfídias e artimanhas que usa, para escapar à sanção, são também a prova de que, este animal, quando detectado e apanhado nas suas actividades instintivas natas potenciadas pela inteligência, estrebucha até à exaustão e muitas vezes consegue mesmo iludir os seus vigilantes e consegue escapar, sob a protecção das máfias colocadas ao seu serviço.
 
 
O Homem odeia, portanto,  sistemas de controlo, exactamente por que o deixam agressivo ao contrariarem os seus instintos natos.
 Os casos, BPN, BCP, BPP, Face Oculta, Monte Branco, Penedas, Loureiros, Freeport etc. são bem a prova dos poderes mafiosos que se instalam nas comunidades onde vivem estes animais extremamente perigosos, para lhes proporcionar cobertura e protecção e assim fugirem aos sistemas de controlo.
 
Outros animais astutos e argutos, desta Família, nem sequer são detectados e agem como se nada existisse para os controlar. Estes são duma esperteza a toda a prova.
 
Chegamos assim, ao aspecto central desta reflexão.
 
Perante estas características e tendências natas do Homem, comuns aos outros animais, mas levadas ao extremo por aquele, é lícito perguntar, se algum sistema político, económico, social e judicial, por mais elaborado que seja, consegue funcionar de forma equilibrada, justa e com um determinado grau de liberdade,  de forma a servir adequadamente uma comunidade humana.
 E, desde logo, que modelo, que sistema social é mais adequado, tendo em conta estas características.
As sociedades, em geral, têm optado pelos modelos democráticos representativos do tipo socialista ou social-democrata da chamada esquerda, com o objectivo de equilibrarem a livre iniciativa com a necessidade de justiça social, através da redistribuição do rendimento.
 Estes modelos fracassaram. O Homem, sempre conseguiu iludi-los, transpô-los e o resultado foi a excessiva concentração de poder e riqueza numa minoria social, obtida à custa do enfraquecimento e pobreza da grande maioria.
Criaram-se máfias operacionais, que protegeram, protegem e continuam a dar cobertura aos detentores do poder e da fortuna.
A própria democracia, perdeu por completo o seu significado, foi ultrajada e adulterada.
 Já nada representa os interesses e os direitos das maiorias, que ficaram reféns da astúcia e perversidade natas do Homem.
 
Do Homo Sapiens evoluiu-se para o Homo Astúcius.
 
A livre iniciativa  empreendedora, o grande argumento e a grande panaceia em que se baseiam as economias de mercado, dando largas à capacidade criadora e de imaginação do Homem para empreender, criar riqueza e postos de trabalho, contribuir para o desenvolvimento comunitário, está a transformar-se na livre iniciativa selvática, num salve-se quem poder, numa exploração desenfreada do trabalho, quase escravatura.
 
É caso para perguntar, perante características tão ignominiosas e selvagens do Homem, se ele é merecedor da liberdade e do direito de livre iniciativa que as sociedades civilizadas actuais lhe têm conferido.
E, perante os factos e as evidências, agora alargados ao nível planetário, o Homem é merecedor de viver em democracia e não será mais adequada a férrea ditadura para o pôr na ordem e com isso salvaguardar os interesses mais básicos e de uma vida digna das maiorias.
 
E assim sendo, que tal  um COMUNISMO A 100%? Talvez lhe fizesse bem!

domingo, 9 de março de 2014

A SOLUÇÃO FINAL PORTUGUESA: QUE ESTRATÉGIA?

 
 
 
 
Os sectores mais conscientes da sociedade portuguesa, sabem que o país não está bem, nunca esteve, porque limitado e constrangido durante décadas de regime abrilista, por condicionalismos internos e externos.
Não está bem, nunca esteve, não tanto pela política de cortes e de aumento brutal de impostos, que este governo, de forma subserviente, foi obrigado a executar por imposição dos credores internacionais mas, pior do que isso, pelo rumo incerto e sem estratégia de futuro, que o país está a trilhar.
 
Perante o descalabro do modelo de desenvolvimento imposto pelo regime abrilista e implementado pela mão do partido do regime, o partido socialista, que em boa parte explica a necessidade da brutal austeridade que, de forma desigual, nos foi imposta, e perante o garrote constitucional e a inoperância dos partidos do sistema em implementar as reformas de fundo necessárias, Portugal encontra-se numa encruzilhada extremamente difícil e perigosa da sua história.
Neste momento crucial da história portuguesa, todas as opções devem estar em aberto.
Todas têm riscos, é certo.
Mas há quer optar. Ou, por um fim violento ou por uma violência sem fim.
A opção clara dos governos tem sido, desde sempre, a da integração na União Europeia, a de tudo fazerem, mesmo sacrificando o seu povo à vontade arbitrária dos oligarcas e burocratas europeus que, de Bruxelas, comandam os nossos destinos, para imporem essa solução.
Esta insistência mórbida dos governos, à revelia do seu povo, precipitou o país num jogo de forças europeu, para o qual não estava preparado, nem em 1986, quando da adesão à então CEE e muito menos em 1992, com a assinatura do Tratado de Maachtricht e com ele a decisão, também à revelia da população, de entrada no euro em 1999, não deixou margem para a sua preparação e posterior decisão ponderada.
 
No meu ponto de vista, o pior erro da história contemporânea portuguesa, foi este, da entrada na Zona Euro, decisão mais uma vez precipitada dos governantes da época, forjando, artificialmente, as condições de convergência, para que o país fizesse parte do «pelotão da frente» como, demagogicamente o 1º ministro da ápoca, o socialista António Guterres, tanto apregoava aos quatro ventos.
Veio o pântano como era de esperar e o demagogo abandonou o país, à sorte de uma moeda, feita à imagem e semelhança do marco alemão.
As consequências foram trágicas.
Sem soberania monetária e por isso, sem poder emitir moeda própria e, de forma autónoma poder por em prática as politicas monetárias e cambiais, que melhor se ajustassem às necessidades da economia portuguesa, o país ficou completamente à mercê da vontade dos mercados financeiros, como único recurso para se financiar.
O resultado foi a subida quase exponencial da dívida pública e da dívida soberana do país, a partir de 2002, ano em que euro entrou com curso legal em Portugal.
 
As exportações caíram progressivamente, contrastando com a subida quase proporcional das importações, como era de esperar para uma economia débil, não preparada para competir com uma moeda tão forte. A economia definhou, acabando numa profunda recessão de que, só agora se está (aparentemente) a recuperar de forma ténue.
Mas, no meu ponto de vista, porventura o efeito mais perverso e nefasto para o país, da entrada no euro, foi a grave distorção na estrutura produtiva do país pois, perante a falta de competitividade  nas relações comerciais com o exterior, os investimentos de vulto passaram a ser orientados preferencialmente para os sectores de bens não transaccionáveis, apenas para o mercado interno, e que originou toda uma grande concentração de poder económico e financeiro, num grupo restrito de grandes empresas.
 
Os governos do sistema insistem nesta fórmula, porque dominados por políticos que têm tanto de oportunistas como de incompetentes e fazem o seu jogo.
A população definha, a pobreza e a miséria alastram, as condições de vida degradam-se.
As soluções centram-se em decisões tomadas em Bruxelas, à revelia dos interesses do país e da sua população e, naturalmente, também fazem o seu jogo, procurando assentar a competitividade do nosso país, numa mão de obra barata, numa espécie de luso-sinolândia ao serviços da globalização.
 
Portugal, está, portanto, numa encruzilhada histórica.
Está na hora das grandes opções e decisões estratégicas para o país. Está na hora de definir, sem tibiezas, o rumo a seguir.
Está na hora de parar para pensar e fazer o balanço da história.
É tempo de decidir se queremos uma integração tutelada, protegida pela EU, se queremos um protectorado permanente, alienante e sem soberania, ou se queremos ser livres e donos do nosso destino.
Está na hora de decidir se queremos um fim violento ou uma violência sem fim.
A convergência de posições dos países do sul da Europa, as grandes vítimas das estratégias integracionistas europeias,  é absolutamente fulcral.