sábado, 8 de julho de 2017

TANCOS: QUE RESPONSABILIDADES?

Daquilo que se sabe sobre o roubo de armas e explosivos dos paióis do complexo militar de Tancos, trata-se de um dos maiores desvios de armamento, de que há memória em Portugal.
Independentemente das conclusões das investigações em curso, houve grandes e graves responsabilidades, perante um assalto destas proporções. E de toda a hierarquia da estrutura do Ministério da Defesa.
 
Desde logo o Ministro, pois sendo responsável máximo pela política e administração da defesa nacional, devia ter-se inteirado do modo de funcionamento da sua organização e controlado a sua gestão (O Ministério da Defesa Nacional (MDN) é o departamento governativo da administração central portuguesa ao qual incumbe preparar e executar a política de defesa nacional, no âmbito das competências que lhe são conferidas, bem como assegurar e fiscalizar a administração das Forças Armadas e dos demais órgãos, serviços e organismos nele integrados). Teve, portanto, responsabilidades políticas e não pode a elas eximir-se, como aconteceu. Devia, assim, demitir-se.
 
No âmbito das Forças Armadas, são responsáveis os dois chefes militares colocados no topo da hierarquia, o Chefe do Estado Maior General e o Chefe do Estado Maior do Exército, pois também não administraram, como deviam, a componente Exército da estrutura. Têm, portanto, responsabilidade militar. Deviam assumi-la e também demitir-se.
Directamente pelos paióis de material de guerra do complexo de Tancos, os cinco comandantes das unidades responsáveis pela sua guarda. Tiveram também responsabilidades militares directas, não se demitiram, mas foram exonerados «temporariamente» pelos CEME, figura jurídica de que não se sabe bem o que é.
 
Na realidade, o que aconteceu?
Esgrimiram-se as desculpas do costume: CCTV avariado, patrulhas esporádicas e sem munições, falta de recursos e desinvestimento nas Forças Armadas. Falso problema. Uma boa organização de patrulhas permanentes, consegue-se perfeitamente com o contributo de uma só unidade, das cinco encarregadas da guarda, muito mais com o contributo de cinco.
E, patrulhas armadas, com armas carregadas ou com rápido acesso a munições (a selagem das cartucheiras, não é razão; esse procedimento devia, há muito ter sido anulado, porque é inconcebível, em acções de patrulhamento desta responsabilidade).
 
O Ministro, como é norma neste governo, não se demitiu, perante um incidente desta gravidade e apressou-se a descartar responsabilidades políticas.
O Chefe do Estado Maior do Exército, «sentiu-se humilhado» (mas porquê? quem o humilhou?) Também não assumiu qualquer responsabilidade e branqueou o comportamento do Ministro, dizendo que este não tinha de assumir responsabilidades políticas.
Do CEMGFA (Chefe militar máximo dos três ramos), nem se falou.
 
Os cinco comandantes das unidades de Tancos, responsáveis directos, também não se demitiram e, não assumiam a responsabilidade militar. Foram praticamente demitidos (temporariamente) pelo Chefe do Exército.
No meio de toda esta confusão e desorientação, ninguém assume responsabilidades por coisa nenhuma neste país, o descalabro reina, gerou-se um clima de desconfiança em tudo e em todos, não se confia na hierarquia militar, entrega-se  a guarda de paióis a seguranças privados. Isto é absolutamente inconcebível.
 
Este episódio, bem como o de Pedrógão, são bem o reflexo do desnorte, irresponsabilidade e incúria deste governo e, por mais graves que sejam as desgraças que aconteçam ao país e ao seu povo, ninguém assume responsabilidades, não há consequências e como sempre « o sol nasce e nada acontece…».

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